Sendo um dos muitos pequenos Estados Insulares, Cabo Verde é um país que depende da importação de combustíveis fósseis para gerar electricidade. A importação aumenta os custos de geração de eletricidade, aumentando assim o custo da eletricidade para os consumidores. Além disso, tem um impacto negativo na balança comercial e contribui como fonte de combustíveis fósseis para as emissões de CO2.
Ao mesmo tempo, estes estados insulares têm um enorme potencial em termos de energias renováveis, geralmente solar e eólica, e também de matérias-primas geotérmicas, marítimas ou vegetais. Algumas ilhas poderiam, de facto, satisfazer a totalidade das suas necessidades de electricidade utilizando apenas fontes renováveis. O custo da produção de electricidade através de energias renováveis diminuiu significativamente, na medida em que, em muitos casos, a produção de electricidade a partir de fontes renováveis é mais barata do que a produção de electricidade através de geradores a diesel. No entanto, diferentes obstáculos políticos, económicos, técnicos ou financeiros impedem muitas vezes a melhor utilização de tais potenciais.
Neste contexto, o Ministério Federal Alemão do Ambiente, Conservação da Natureza, Obras Públicas e Segurança Nuclear, encomendou à Corporação Alemã para a Cooperação Internacional (Deutsche Gesellschaft für internationale Zusammenarbeit – GIZ) o desenvolvimento de um projecto da Iniciativa Internacional de Protecção Climática ( Internationale Iniciativa Klimaschutz ). O objectivo do projecto é aconselhar Estados Insulares seleccionados (Barbados, Cabo Verde, Kiribati, Vanuatu) sobre a utilização de fontes de energia renováveis para fornecer energia.
As vantagens são claras:
- Redução das emissões de CO2 e da poluição atmosférica.
- A balança comercial deixará de ser afectada negativamente pelo custo da importação de combustíveis fósseis.
- Diminuição da fatura de energia elétrica nas residências, empresas e setor público.
Um dos objetivos deste projeto é apoiar o setor privado a investir em energias renováveis, bem como em medidas relacionadas com a eficiência energética. Em muitos casos, as empresas, o sector privado ou as instituições locais não têm conhecimento em termos de desenvolvimento de planos de negócios financiáveis para projectos de investimento. Por outro lado, vários bancos locais têm pouca experiência no financiamento de sistemas solares ou parques eólicos e, portanto, não estão dispostos a assumir os riscos de crédito.
Planos de negócios credíveis e pertinentes são essenciais para atrair mais capital para o sector energético. Esses planos devem atender às demandas dos bancos e corresponder ao marco regulatório nacional.
Neste sentido, a Agência Alemã para a Cooperação Internacional (GIZ) convidou a Câmara de Comércio e Indústria Luso-Alemã (sediada em Lisboa), a desenvolver amostras de três planos de negócios incluindo estudos de viabilidade, um guia jurídico e uma lista de verificação de documentos, bem como bem como um resumo de possíveis instrumentos de financiamento a serem apresentados aos bancos, que poderão servir de guia para investimentos em energias renováveis.
Os três planos de negócios, foram desenvolvidos durante 2016 em parceria com uma empresa de consultoria cabo-verdiana, um escritório de advogados português sediado em Cabo Verde e um banco local, com base em cenários de casos reais, nomeadamente um sistema fotovoltaico num hotel, a instalação de um sistema de bombagem de água num município do planalto, bem como sistema solar térmico para aquecimento de água num hospital. Todos os projetos estão localizados em diferentes ilhas de Cabo Verde.
Os privados, as empresas ou as instituições locais podem agora utilizar os planos de negócios como modelos para elaborar os seus próprios planos de investimento.