O SEGUNDO FÓRUM NACIONAL DE TRANSFORMAÇÃO DA ECONOMIA DE CABO VERDE ATÉ 2030 E OS DESAFIOS À FRENTE

O segundo Fórum Nacional concebido para avaliar a “Agenda de Transformação” de Cabo Verde foi realizado de 14 a  16 de  Maio de 2014. A reunião de alto nível explorou as perspectivas económicas futuras do País a partir de agora em relação ao ano 2030, analisou estratégias e políticas pertinentes, e procurou ideias criativas e inovadoras para acelerar a Agenda de Transformação. O conclave delineou ainda o papel crucial a desempenhar pelas principais instituições e parceiros e forjou um consenso sobre o envolvimento das fundações sociais no apoio ao caminho futuro, com vista a ajudar Cabo Verde a atingir o nível de país avançado de rendimento médio.

Falando na sessão de abertura do fórum, o Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, destacou a importância do II Fórum Nacional e aproveitou a ocasião para lembrar aos governantes que o país só poderá integrar o grupo dos países desenvolvidos com uma economia acelerada. crescimento.

No seu discurso no final de uma sessão especial que marcou o encerramento do Fórum Nacional, o Secretário Executivo das Nações Unidas para África, Carlos Lopes – cidadão guineense, criticou a política do Governo do Primeiro-Ministro, José Maria Neves, pelo que descreveu como “jogo quase exclusivo, em parceria com a União Europeia, para transformar Cabo Verde, num offshore financeiro português”.

O segundo Fórum Nacional foi promovido pelo Governo através do Centro de Políticas Estratégicas (CPE) sobre o tema “Cabo Verde 2030”. Durante o fórum, o Presidente da Comissão da CEDEAO, Kadre Desire Ouedraogo, apresentou uma comunicação numa sessão especial intitulada “Integração Regional e a transformação de Cabo Verde” presidida pelo ex-Presidente da Assembleia Nacional, Aristides Lima, em colaboração com os órgãos regionais. Durante a sua visita ao país, o Presidente da Comissão da CEDEAO, Sua Excelência Kadre Desire Ouedraogo, manteve uma série de reuniões sobre a questão da integração regional com o Presidente da República de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, o Primeiro-Ministro de Cabo Verde, Dr. • José Maria Neves e o Ministro das Relações Exteriores, Jorge Borges.

O Presidente Ouedraogo também visitou a sede do ECREEE, bem como o Instituto da África Ocidental.

Recorde-se que o Primeiro Fórum Nacional concebido para preparar o caminho para a Transformação da economia de Cabo Verde até 2030 foi realizado há cerca de 11 anos, em 2003. O encontro de três dias foi agraciado por funcionários governamentais, representantes de vários partidos políticos, do sector privado , legisladores, organizações da sociedade civil, especialistas locais e estrangeiros, representantes de países estrangeiros e organizações internacionais, incluindo as Nações Unidas, que financiaram o fórum através da sua agenda de transformação para os países membros da ONU, especialmente os de África. Os participantes mantiveram um diálogo substantivo sobre o estado da economia de Cabo Verde e conceberam estratégias relevantes para a transformação económica.

O fórum surgiu no momento em que o Governo de Cabo Verde acabava de completar o primeiro ano do seu primeiro mandato, tendo organizado uma série de exercícios estratégicos, incluindo Grandes Opções de Planeamento, o Plano Estratégico Provisório para a Redução da Pobreza (IPRSP) e retiro para funcionários do Governo. Estas actividades, segundo representantes do governo, foram concebidas para fortalecer a base produtiva do país com vista a acelerar o crescimento da economia.

No entanto, apesar do desempenho impressionante da economia de Cabo Verde publicado pelo Banco Africano de Desenvolvimento, o país, segundo os especialistas, ainda enfrenta alguns desafios emergentes, entre os quais o principal é a regressão do crescimento económico do país. Isto foi aparentemente manifestado pelo declínio do crescimento do PIB do país de 5,1 por cento em 2011 para 4,3 por cento em 2012, de acordo com as estimativas do Banco de Cabo Verde (BCV).

O Banco estima também uma redução da procura interna, do consumo e do investimento do sector privado. Os sectores da Construção e da Agricultura, bem como os níveis de consumo/despesa pública e de receitas fiscais também registaram uma diminuição em 2012, embora com sinais de melhoria em 2013. Relativamente às remessas, os dados do BAD indicam uma redução de cerca de 8 por cento do PIB, como resultado resultado de uma diminuição das remessas da Zona Euro, que representa a principal parcela das transferências de dinheiro para Cabo Verde.